Há uns dias perguntava eu a uma
criança: sabes o que é escutar? Do lado
de lá da pergunta sem atrapalhações e com rapidez: “então, escutar é ouvir com
muita atenção e com o coração”.
Continuei a “inquisição” e perguntei-lhe “então e ouvir o que é?” Novamente
uma resposta pronta: “é o contrário de escutar, e, sabes, quem ouve fica sempre
sem saber a melhor parte do que estou a contar”.
De facto, esta criança tem toda a
razão: o que se perde quando se ouve em vez de escutar é quase sempre o mais
importante, é o que clarifica o diálogo, o que apazigua as incertezas, mas
sobretudo é o que permite manter um diálogo sem ruído, claro e transparente,
que afinal permite-nos evitar o conflito com o outro.
Há quem diga que saber escutar é
uma arte, eu não acho. Na realidade entendo que quando nos predispomos a
escutar o outro, o processo de escuta é simples e que se resume de forma
simples nisto: escutar é ouvir o outro com atenção, com o coração e
compreensão.
Tomando isto como regra essencial
da nossa vida, vamos aos poucos afastando a conflitualidade, e passamos a
vivências de relações pessoais, profissionais ou outras mais completas, mais
equilibradas e mais satisfatórias.
Na mediação de conflitos o
processo de escuta é fundamental, pois, permite limpar os ruídos de um “ouvir”
encaminhando quem está em conflito para um “escutar”, que permite uma
comunicação mais transparente e mais rica que conduz a um diálogo mais
produtivo.
Quando a comunicação se
transforma em verdadeiro diálogo as partes passam a conseguir trabalhar o seu
conflito, procurando de forma activa uma resolução para o mesmo.
A resolução do conflito que parte
do verdadeiro diálogo entre as partes é uma resolução pensada e sentida e
duradora e é transformadora de cada um individualmente, abrindo o caminho a uma
nova perspectiva de vida mais conciliadora e menos conflituante .